sexta-feira, 24 de outubro de 2003

Entrevista: Olivia Harrison no Jools Holland

Transcrição da curta entrevista com Olivia Harrison e o percurssionista Ray Cooper no programa Later...with Jools Holland, em 24/10/2002, sobre o show tributo Concert For George. 



Jools: Como esse filme surgiu realmente, de quem foi a idéia de fazer esse show?
Olivia: Foi realmente do Eric Clapton, ele estava... bem, nós todos estávamos sentindo muita falta de George... e ele chegou pra mim e disse: "Você pode fazer um show tributo?" e eu deixei ele organizá-lo e Ray instigou-o por um tempo.

Jools: Como você (para Ray) se envolveu... claro, eu deveria mencionar que você não é só um grande percussionista mas também está no mundo do cinema britânico... mas como você conheceu George?
Ray: Nos dias sombrios da Saville Row, quando os Beatles estavam fazendo projetos individuais e todos eles tinham seus co-músicos e aconteceu de eu ser um desses privilegiados, trabalhando nos projetos de George, tudo aquilo ainda sendo Beatles, e foi assim que aconteceu, há muito tempo atrás.

Jools: Este filme que nós fizemos agora... que vocês fizeram... é realmente extraordinário não é? Quem são as outras pessoas envolvidas nele?
Olivia: Há Ringo, Paul e Tom Petty - Travelling Wilburys - Jeff Lynne, Billy Preston, um velho amigo do George que ele conheceu em Hamburgo, um cara chamado Jools Holland, Sam Brown, Joe Bown.

Jools: Todas as pessoas que o amavam. Ravi Shankar...Olivia: Sim, Ravi Shankar, claro, Anoushka Shankar, Klaus Voorman, dos tempos de Hamburgo.

Jools: O que eu sempre achei fantástico sobre George é que ele não era somente um incrível compositor, como um Burt Bacharach, mas acontece que ele foi um dos Beatles e foi também um dos maiores produtores de cinema que a Inglaterra já teve. O pessoal do Monty Python estava envolvido. Por quê?
Olivia: Eles eram alguns de seus melhores amigos e nós tínhamos que ter algum humor porque George não era o calado, como você sabe... Ele nunca se calava... e ele tinha um grande senso de humor... e eles eram amigos dele... então nós não poderíamos solenizar demais a ocasião, ele não gostaria que isso acontecesse, e eles asseguraram de que não estava solene demais. E, claro, Tom Hanks estava por ali uma noite antes e então foi convidado a ser um Mountie no sketch Limberjack.

Jools: É incrível e estará em vários cinemas e em DVD... e na América, o filme foi bem recebido?Olivia: Muito bem recebido, conseguiu críticas muito boas... muita gente amava George, eles querem vê-lo e agora. É realmente um documento histórico.

Jools: O que você pensa que George teria achado do filme?Olivia: Eu acho que ele gostaria muito. Ver todos os amigos, ele adorava ver todo mundo junto... até porque ele não teria que tocar. Ele poderia só sentar e assistir.

Jools: Para onde vai o lucro?Olivia: Ele vai pro Material World Charitable Foundation, que George criou em 1973, e que ajuda instituições de caridade como instituições pra crianças e pessoas com necessidades especiais.

Jools: Okay, Olivia Harrison, Ray Cooper, muitíssimo obrigado. 

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sábado, 18 de outubro de 2003

"The Long And Winding Road" - A canção que separou os Beatles


Já que uma versão despida do último disco dos Beatles acaba de ser lançada, Paul McCartney fala sobre o nascimento de "The Long And Winding Road". Ela foi a canção que separou os Beatles, a última gota no já desgastado relacionamento entre Paul McCartney e John Lennon, e o motivo que colocou os membros da banda em décadas de antipatias e amarguras.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2003

The Beatles - Let It Be...Naked (2003)


Antes mesmo do lançamento, o álbum Let it Be...Naked foi objeto de polêmicas, debates e divisão de opiniões. Normal no mundo beatle.
Quando a faixa-título do novo disco chegou aos fãs, publicamos um breve review onde revelávamos que a propalada nudez do Naked seria contida - quase recatada. Os produtores do álbum - Paul Hicks, Alan Rouse e Guy Massey - deixaram isso claro em entrevistas, ressaltando que a idéia era 'finalizar de fato' as canções que os Beatles fizeram para o conturbado projeto Get Back. Daí a explicação para, digamos, o 'polimento da nudez' explicitada em Naked. E uma outra certeza: o presente disco não é o velho Let it Be - que continuará valendo. O 'faixa a faixa' que apresentamos objetiva contribuir para saciar a curiosidade dos que desejam saber de onde os takes se originam e o que foi feito (além da remixagem e redução de ruídos dos masters) para trazer à luz o novo disco de uma banda que até se desfêz, mas nunca acabou.

GET BACKTrata-se de uma remixagem da versão do álbum Let it Be - sem os sons adicionais de estúdio no começo e final do take.

DIG A PONYAqui temos um remix da versão tradicional. Foi retirado o breve false start e mantída a idéia de Phil Spector, que cortou a frase 'all I want is you' no começo e final da faixa. A gravação (como se sabe) foi feita no rooftop.

FOR YOU BLUENesta faixa percebemos o valor do trabalho de remixagem e redução de ruídos. O take é o do disco Let it Be - mantém o overdub vocal dirigido por Phil Spector, mas acrescenta breves 'trechos extras' do violão de George, retirados de dois outtakes muito próximos da versão que foi selecionada para o LIB original.

THE LONG AND WINDING ROADAqui temos um novo remix para a versão do filme Let it Be. Esse take não aparece tal como foi gravado. Na gravação original, Paul vocaliza enquanto Billy Preston faz o solo no órgão. Essa vocalização (cortada na edição feita para o filme) também ficou de fora do Naked.

TWO OF USAqui mais uma remixagem da faixa que abre o disco Let it Be. A intro com 'I Dig a Pigmy' foi retirada, já que não foi gravada no contexto de Two of Us. A versão originalmente publicada em Let it Be é mais longa, levando-nos a ouvir o assovio de John por maior tempo.

I'VE GOT A FEELINGAqui uma alteração considerável. Trata-se da segunda versão tocada no rooftop. A primeira - publicada no Let it Be - é melhor. Esta, porém, é muito boa. Há um breve 'insert' da versão do Let it Be transposto para esta, no refrão.

ONE AFTER 909Mais uma faixa beneficiada pela remixagem e a redução de ruídos. Ouve-se com clareza a exclamação de John Lennon, 'yes I did' ao longo da primeira parte da canção. É um belo remix da edição gravada no rooftop e publicada em Let it Be - mais uma vez foram limadas no final as inserções, caso do verso 'danny boy'.

DON'T LET ME DOWNAqui temos a faixa magistralmente tocada no rooftop. A produção castigou a nudez. O verso 'inventado' por John Lennon (neologismos intraduziveis) foi retirado. Em seu lugar corrigiram a letra, enxertando o trecho, 'and from the first time that she really done me...' retirado de um dos takes mixados  originalmente por Glyn Johns em 10 de março de 1969.

I ME MINEAqui um remix da versão do Let it Be com a inclusão da idéia de Phil Spector (ele duplicou o refrão artificialmente, como se sabe). A única novidade (ou capricho) foi mudar o ponto onde a edição foi feita. Questão dificil de perceber.

ACROSS THE UNIVERSE
A versão publicada no LIB e tal como foi trabalhada para o disco World Wildlife Fund. Só que sem overdubs. O trabalho de Phil Spector foi integralmente retirado (os arranjos orquestrais). Manteve-se a breve alteração na velocidade da gravação.

LET IT BEo take 27 do disco original sem orquestra, coral, eco e os overdubs de bateria. Os dois overdubs de guitarra providenciados por George Harrison (e publicados no single e no LIB) foram desprezados pelos novos produtores. Mesmo destino teve o solo (muito pobre) da gravação original. Para Naked os produtores optaram pelo solo tocado na versão incluída no filme Let it Be (o take 27B).

Por Cláudio Teran

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