George Harrison Discografia: Electronic Sound (1969)
Ainda em novembro de 1968, os Beatles haviam criado um selo alternativo dentro da Apple, batizado de Zapple, por onde eles poderiam lançar um material de “vanguarda” ou exercitar seus experimentalismos sem se preocuparem com o formato comercial que sempre os prendia às necessidades mercadológicas da EMI e da Capitol. Enquanto trabalhava com Lomax em Los Angeles, George havia conhecido um novo instrumento eletrônico, o sintetizador Moog, que tinha na figura de Bernie Krause um dos músicos pioneiros em seu uso.
O Moog começou a ganhar maior destaque na indústria fonográfica depois que Wendy Carlos gravou em 1968 o LP Switched-On Bach, que se tornou um dos álbuns mais vendidos na ocasião. Em contato com Bernie, Harrison resolveu gravar um experimento durante sua estadia na Califórnia.
Depois de brincar durante horas no instrumento, sem nenhuma conclusão musical consistente, George conseguiu irritar Krause a ponto do cara interromper as sessões que ambicionavam, em princípio, fazer parte de um projeto musical mais sério e cair fora. George voltou para a Inglaterra e esqueceu-se do assunto, até adquirir ele mesmo um sintetizador Moog, em maio de 1969, e novamente registrar suas brincadeiras sem nenhum critério artístico e musical.
Só que desta vez, Harrison resolveu seguir os passos de John e Yoko, que lançavam álbuns inaudíveis de “vanguarda”, se é que zueiras sonoras podem levar esse adjetivo como rótulo. Electronic Sound, a contribuição mais pavorosa que George deu ao mercado fonográfico britânico, saiu pela Zapple Records ainda em maio, e como não poderia deixar de ser, foi sumariamente esquecida nas prateleiras das lojas, até virar peça de colecionador anos depois.
Pois é, os Beatles eram gênios na arte de compor canções pop, mas o problema é que às vezes eles extrapolavam e achavam que qualquer barulho que gravassem poderia ser considerado uma obra prima. Até o normalmente comedido e humilde George Harrison sofria deste mal. Electronic Sound e os medonhos discos de John e Yoko são prova desse ligeiro egocentrismo de nossos heróis.
Marcelo Sanches
mginger3003@uol.com.br
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