sexta-feira, 31 de março de 2017

LP Bad Boy, de Ringo Starr, será relançado em vinil

Um álbum "renegado" de Ringo Starr apareceu para pré-venda na Amazon.Com, com lançamento (em vinil) agendado para 16 de junho: Bad Boy. Não há informações detalhadas no site oficial, mas sem dúvida é uma ótima oportunidade para quem quiser completar sua coleção, já que por vários motivos, esse álbum se tornou uma raridade.

Bad Boy é um álbum de Ringo Starr e foi lançado em 1978, durante um período em que sua carreira musical estava deslizando em queda livre após vários anos de sucesso solo. Embora Bad Boy foi concebido para inverter esta tendência, a fortuna de Starr diminuiu ainda mais.

Após o desastre comercial de Ringo the 4th (1977), Ringo e seu parceiro, Vini Poncia, decidiram criar um álbum menos exagerado, a fim de perder as qualidades e os excessos do seu antecessor. Ringo cantou músicas clássicas de outros artistas, sem convidar nenhum músico famoso para a gravação do álbum. Os resultados mostravam, ao mesmo tempo uma melhora, mas ainda estava abaixo do que Starr esperava, resultando em um novo fracasso, com Bad Boy atingindo # 129 nos EUA.

Faixas:
"Who Needs a Heart" (Richard Starkey/Vini Poncia)
"Bad Boy" (Lil Armstrong/Avon Long)
"Lipstick Traces (On a Cigarette)" (Naomi Neville)
"Heart On My Sleeve" (Benny Gallagher/Graham Lyle)
"Where Did Our Love Go" (Eddie Holland/Lamont Dozier/Brian Holland)
"Hard Times" (Peter Skellern)
"Tonight" (Ian McLagan/John Pidgeon)
"Monkey See - Monkey Do" (Michael Franks)
"Old Time Relovin" (Richard Starkey/Vini Poncia)
"A Man Like Me" (Ruan O'Lochlainn)

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Paul McCartney divulga fotos inéditas da sua banda dos anos 80

Como parte da promoção do seu novo relançamento (Flowers In The Dirt), Paul McCartney  lançou no seu site oficial PaulMcCartney.Com uma coleção de fotos inéditas em que aparecem ele, Linda e sua banda dos anos 80, a mesma que gravou o LP em questão (quase a mesma que veio ao Brasil para o show do Maracanã). Confira aqui algumas.


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Banda Grafite apresenta o show Uma Noite em Liverpool no RJ

A Banda Grafite - aquela mesma que fez muito sucesso nos anos 80 - apresentará seu espetáculo Uma Noite em Liverpool, dedicado 100% ao repertório dos Beatles na Vila Isabel, Rio de janeiro, no dia 05 de maio.


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Programa Beatlemania #23


Produzido e apresentado por Beto Neves, da banda Beatles Again, de Araraquara/SP, o programa Beatlemania desta semana fala, na seção influências dos Beatles, da importância de Chuck Berry sobre John Lennon e toda a banda. O programa traz ainda músicas do álbum “George Harrison”, de 1979, na seção álbum do dia, Carlos Santana tocando Beatles, e muito mais.

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31 de Março na história dos Beatles


1963
Show no De Montfort Hall em Leicester. Último da turnê com Chris Montez e Tommy Roe.

1964
No Top 10 do Canadá, os Beatles ocupam 9 posições! Até esta data, o LP “Meet The Beatles” lançado nos EUA vendeu 3.650.000 cópias. À noite, tocam no Playhouse Theatre em Manchester para o programa Saturday Club da Rádio BBC.

1967
Os Beatles finalizam “With A Little Help From My Friends” e “Being For The Benefit Of Mr. Kite!”.

1969
George e Pattie se apresentam na corte em Surrey. O casal se confessa culpado por posse de maconha na prisão ocorrida no dia 12 e são multados em 250 libras cada um. John e Yoko encerram o primeiro bed-in e deixam o Amsterdam Hotel. Estréia pela Austrian National Network Television o curta-metragem “Rape” de John e Yoko que realizam uma coletiva no Hotel Sacher em Vienna para falarem sobre o filme.

1973
O contrato de Allen Klein com John, George e Ringo expira. A McCartney Productions Ltd, formada em 1971, relata que até então teve uma perda de 63.445 libras.

John e Paul se econtram. Paul visita a casa de John em Los Angeles e os dois fazem uma jam session com amigos, incluindo Stevie Wonder. A sessão é gravada. Apesar da informalidade, ninguém nega o fato histórico. Ouve-se John berrando algumas músicas como “Lucille” e Paul fazendo backing vocal e tocando bateria. Esta é a última foto dos dois ex-companheiros juntos (Keith Moon do The Who está entre eles):

1976
Os lucros da empresa de Paul aumentam. São obtidos 20.865 libras somente com a turnê do Wings.

1978
Paul lança nos EUA e Inglaterra o novo LP do Wings: “London Town”.

1995
Sessão de fotos com Paul, George e Ringo pelo fotógrafo Tommy Hanley. O trio é carinhosamente chamado pelos fãs de “Threetles”.

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quinta-feira, 30 de março de 2017

30 de Março na história dos Beatles


1962
Performance no Cavern Club com The Dallas Jazz Band.

1963
Concerto no Guildhall em Portsmouth (Chris Montez e Tommy Roe tour).

1964
A BBC exibe um programa especial sobre Brian Epstein chamado “Panorama”. Os Beatles aparecem em depoimentos. Abertura de uma série de shows no Empire em Liverpool.

1967
Sessão fotográfica para a capa do LP “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band” no Chelsea Manor Studios em Londres. À noite gravam overdubs para “With a Little Help From My Friends”.

1968
O clipe de “Lady Madonna” é transmitido nos EUA no programa de TV “Hollywood Palace Show”. A música está em 1º lugar na Inglaterra.

1970
John e Yoko comparecem a uma festa de despedida dos Rolling Stones. O grupo londrino planejava se mudar para o sul da França para obter exílio fiscal.

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quarta-feira, 29 de março de 2017

29 de Março na história dos Beatles


1962
Concerto no Odd Spot com o Mersey Beats.

1963
Os Beatles fazem dois shows no Odeon em Lewisham.

1967
Os Beatles gravam “With A Little Help From My Friends”, que ainda se chamava “Bad Finger Boogie” (daí a banda The Yves mudaria seu nome para “Badfinger”). São gravados mais efeitos sonoros em “Good Morning Good Morning” e “Being For The Benefit Of Mr. Kite!”.

1970
Ringo aparece no “David Frost Show” cantando “Sentimental Journey”. John e Yoko anunciam que esperam o primeiro filho do casal para outubro. Infelizmente, Yoko perderia o bebê.

1976
Paul e Linda aparecem no programa de TV da França, “Number One”.

1980
George e Olivia se juntam à marcha anti-nuclear “Friends of the Earth” em Londres.

Ebony And Ivory

1981
Homenagem a John na Catedral Anglicana em Liverpool.

1982
Paul lança na Inglaterra o sucesso “Ebony And Ivory”, dueto com Stevie Wonder.

1986
A discografia dos Beatles é lançada na União Soviética. O país proibia tudo relacionado aos Beatles até então, o que obrigava os jovens a comercializarem os LPs do grupo clandestinamente.

1995
Durante uma pausa nas sessões de “Anthology”, Paul, George e Ringo vão a um café local, próximo ao estúdio de Paul. Surpreendido pela visão dos três Beatles sobreviventes, o proprietário do local gritou e derrubou uma bandeja de copos e pratos no chão. Os três não paravam de rir enquanto faziam o lanche.

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terça-feira, 28 de março de 2017

Ringo Starr anuncia datas da turnê pelos Estados Unidos


Mantendo a tradição de sempre agendar com bastante antecedência, Ringo Starr & His All Stars Band acaba de anunciar datas para uma turnê de costa-a-costa dos Estados Unidos. São nada menos que 18 apresentações entre outubro e novembro.

A All Stars Band segue com a formação que conta com Todd Rundgren, Steve Lukather (ex-Toto), Richard Page (ex-Mr. Mister), Warren Ham, Gregg Bissonette e Greg Rollie (ex-Journey). Vale lembrar que o baterista está em fase de gravação do novo álbum, que conta com participações de velhos amigos, como Joe Walsh, Paul McCartney e Klaus Voormann.

DATAS DOS SHOWS:

13,14, 17, 20, 21, 24, 27 e 28/10
Las Vegas, Nevada. Planet Hollywood Resort & Casino.
20/10 
El Paso, Texas. Abraham Chavez Theatre.
31/10
Austin, Texas. Moody Theatre.
02/11 
Sugarland, Texas. Smart Sugarland Civic Center.
04/11 
Thackerville, Oklahoma. Global Events Center at Winstar.
07 e 08/11 
Ft Lauderdale, Florida. Parker Playhouse.
11/11 
Atlanta, Georgia. Fox Theatre.
12/11 
Norfolk, Virginia. ODU Pavilion.
14/11 
Morristown. New Jersey. Mayo Performing Arts Center.
15/11
New York, New York. Beacon Theatre.
16/11 
Newark, New Jersey. New Jersey Performing Arts Cente

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28 de Março na história dos Beatles


1964
Parada de sucesso americana segundo a Billboard:

01 – “She Loves You”
02 – “I Want To Hold Your Hand”
03 – “Twist And Shout”
04 – “Please Please Me”
26 – “I Saw Her Standing There”
27 – “Can’t Buy Me Love” (estreando)
50 – “From Me To You”
57 – “We Love You Beatles” das Carefrees
71 – “All My Loving”
75 – “Roll Over Beethoven”
78 – “Do You Want To Know A Secret”
86 – “A Letter To The Beatles” do Four Preps

O museu de cera Madame Tussauds anuncia que os Beatles serão a primeira banda de rock a ganhar estátuas de cera.

1967
São gravados os efeitos sonoros de “Good Morning Good Morning”. Os sons de animais são do arquivo da EMI e foram incluídos em uma ordem em que cada animal é espantado ou devorado pelo seguinte.

1974
George registra sua nova compania: “Oops Publishing Ltd.”

1994
Pré-estréia do filme “Backbeat”, drama baseado na fase dos Beatles em Hamburgo. Cynthia e Julian Lennon estiveram presentes. O diretor já havia mostrado o filme para Cynthia, e pouco antes da exibição ela disse ao filho: “prepare-se Julian, você vai conhecer o seu pai”. Cynthia elogiou muito a interpretação de Ian Hart como John Lennon.

1995
Lançado o documentário “The Making Of A Hard Day’s Night”. É mostrado pela primeira vez os Beatles tocando “You Can´t Do That” que ficou de fora do filme. No final do documentário, o narrador, o cantor Phil Collins, faz uma revelação: ele próprio, aos 14 anos, estava na platéia no show gravado para o final do filme e é mostrado ele na cena.

1999
Uma versão remasterizada do filme “Wonderwall”, com trilha de George Harrison, é exibida em um cinema em Southampton. É incluída uma faixa inédita de George: “In The First Place.”

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segunda-feira, 27 de março de 2017

George Harrison Discografia: Living In The Material World (1973)


Em outubro de 1972, George começou a trabalhar em novas composições na  Apple, em Saville Row. Living In The Material World, o novo disco que resultaria destas sessões, seria o único álbum de um ex-beatle  a ser completamente gravado nesses estúdios. A produção, desta vez, ficaria restrita ao próprio Harrison, sem Phil Spector (apenas "Try Some Buy Some" teria a assinatura de Spector, pois fora registrada em fita com os vocais de Ronnie Spector, em 1971). Os músicos que tocariam nestas novas gravações seriam os mesmos que tocaram no álbum anterior, com acréscimo do baterista Jim Keltner mais o indiano Zakir Hussain - que mais a frente tocaria com John Mclaughlin - na tabla.

George já tinha fama de ser bastante meticuloso nas gravações, objetivando arranjos elegantes e apurados, e mais uma vez exigiu da EMI o tempo necessário para completar o material e lançá-lo no momento que julgasse conveniente. Assim, quem esperava pelo disco a tempo das vendas de natal, decepcionou-se, e o álbum só ganharia as prateleiras das lojas  em maio de 1973, depois de uma polêmica enorme que envolveu o lançamento de duas coletâneas dos Beatles pela Apple/EMI - a vermelha e a azul -  para fazer frente a edições piratas que vendiam milhares de cópias no mercado negro de discos.

Assim como George, Paul também adiou o lançamento de seu novo álbum (Red Rose Speedway), que competiria diretamente com o do ex-colega. Quando finalmente fora lançado, Living In The Material World dividiu a crítica especializada, com parte dela julgando que o disco era mais soturno e moroso que All Things Must Pass, tornando-se maçante em várias canções como resultado direto da exacerbação religiosa que saltava em suas letras. Os arranjos de muitas faixas soavam grandiloquentes demais, com excesso de cordas e de dramaticidade que confrontavam  - mais uma vez - a tendência ao hedonismo que imperava no cenário da musica pop.

Mesmo assim, o compacto com "Give me Love (Give Me Peace On Earth)", que também abre o LP, foi direto para o primeiro lugar nos EUA e chegou ao segundo posto no Reino Unido, mantendo Harrison no topo dos nomes de maior peso no mercado de discos de musica pop; trata-se de uma linda balada, que se inicia com uma batida forte de violões e com um solo em duas linhas melódicas de slide guitar, tão suave e perfeitamente emotivo quanto entristecido, para logo registrar a voz chorosa de George cantando versos que pediam no final que ele “ficasse livre da roda de nascimentos”. A canção pode ser um registro do quanto Harrison  estava inquieto e amargurado,  e  não tem nem sombra da alegria evocativa de "My Sweet Lord",  sendo no entanto musicalmente mais elaborada e melodiosa, contendo um trabalho magnífico de guitarra.

George estava numa grande fase como múusico e compositor, tecnicamente mais apurado e habilidoso do que nunca; a seguir, o bom humor e a ironia fazem o contraponto em "Sue Me Sue You Blues", que  traz um ritmo de  blues acelerado, com um  grande trabalho de todos os músicos envolvidos, desde a sublime bateria de Keltner, passando pelo teclado de Gary Wright e, claro, pelo dobro de George, tocado como uma perfeita assinatura para versos que tiram sarro dos entraves burocráticos que os ex-beatles travavam através de seus advogados. A seguir, a melancolia retoma seu espaço com mais uma balada triste e bela: "The Light That Has Lighted The World". Construída na escala descendente de dó - normalmente uma linha harmônica descendente é usada para expressar angústia na musica popular - a canção traz versos que comentam a contrariedade de George em relação àquelas pessoas que o acusavam de ter se transformado em uma pessoa diferente do “beatle George”.

Deixando a entender que o disco se alternaria entre ritmos lentos e acelerados, entre  o lamento e o bom humor, a próxima faixa é uma das mais animadas do álbum, "Don’t Let me Wait Too Long", e seu arranjo é um precursor do estilo pop que se destacaria em bandas como a ELO, entre outras, e que tinha o futuro colaborador de Harrison nos anos 80, Jeff Lynne, como líder. Jeff reproduziria a batida percussiva que separava os compassos no coro desta canção como uma característica indissociável de seu estilo musical, reconhecendo a influência de George. A harmonia é mais uma vez representativa da marca de Harrison em não se acomodar na obviedade, surpreendendo o ouvinte com modulações que uniam escalas distantes (aqui, como em "What is Life", entre um  ré maior e um fá maior).

"Who Can See It", a seguir, recupera o modo melancólico, mas com uma harmonia e compassos mais complexos (5/4  e 6/4), estranhos demais para soar como apenas mais uma balada. A melodia é sinuosa e exige um ‘pulo vocal’ do acorde de dó maior para o de mi maior numa linha quebrada e magnífica, expondo mais uma vez a elegante sensibilidade  musical de Harrison, que aqui registrou uma interpretação impecável, mesmo com as limitações de sua voz de amplitude reduzida. A letra, de novo, reflete seus sentimentos para com um mundo áspero e insensível, que não reconhecia o seu empenho em firmar-se como uma personalidade liberta do passado beatle. E essa mensagem voltaria na canção seguinte, e dentro do esquema suavidade/impulsividade que caracteriza o disco até aqui: "Living In The Material World" é um número de rock mais pesado - dentro do que se pode chamar de “peso” inserida na natural leveza musical de George. Esta faixa é uma síntese de todo o disco: em ritmo acelerado, George faz observações cáusticas sobre os hábitos consumistas e materialistas da sociedade ocidental,  jogando farpas até em John e Paul, enquanto na parte do meio ele reveste a lembrança de um mundo espiritual interno fazendo-se acompanhar por instrumentos indianos como a tabla e a tamboura, tocados por Zakir Hussein. A gravação é um desfile de competência e virtuosismo técnico, com Harrison arrasando no solo de slide, num duelo empolgante com o saxofone de Jim Horn. A bateria de Jim Keltner, o órgão de Gary Wright e o piano de Nicky Hopkins também são pontos altos, como de resto em todo o trabalho instrumental insuperável do álbum.

"The Lord Loves The One" abre  estrategicamente o lado 2 do LP com um  andamento rápido, detentor de uma discreta batida  funky, - o último numero verdadeiramente animado do álbum - e  é  de verdade uma peça musical de valor inestimável, trazendo um Harrison afiadíssimo em solos de guitarra, com fraseados que dialogavam constantemente  com o vocal imperativo do compositor. Os versos da canção, porém,  formam  um sermão doutrinador, transformando George em uma espécie de “padre pentelho” grasnando sozinho numa era em que a androginia de Ziggy Stardust  (Bowie) era a voz  da vez.

"Be Here Now" vem a seguir com um tom meditativo e minimal, sugerindo uma  verdadeira peça musical indiana, com quase nenhuma modulação harmônica, com arranjo conduzido principalmente pelo órgão Hammond de Gary Wright, e com versos que insistiam na necessidade de se viver apenas no momento presente, como se fosse possível que o mundo se esquecesse um dia do fato de ele ter sido um dos Beatles.

A faixa seguinte, "Try Some Buy Some", havia sido gravada anteriormente, como já vimos, e abre uma sequencia  de certa morosidade musical, com "The Day The World Gets Round" (uma canção triste que nasceu de um sentimento de potência nutrido com a realização do concerto para Bangla Desh  mas que revelou-se verdadeiramente como um manifesto do descrédito de Harrison na raça humana) e ainda "That’s All", uma bonita balada com compasso alternado entre o 4/4 habitual e em 3/8 na parte do meio, com um arranjo de cordas  que em muito repetia a dramaticidade de "The Long and Winding Road" - certamente por influência de Phil Spector - mas que com isso encerra o álbum num tom baixo, angustiado e nostálgico, como se Harrison no fundo desconfiasse de que toda a sua filosofia de vida não pudesse livrá-lo das agruras de uma vida contraditória.

A impressão final é que Living in The Material World é um disco triste, um documento artístico que transpira impotência e melancolia, uma luta entre os fantasmas do passado e a busca frenética por uma identidade, permeado por raros momentos daquele velho humor cáustico do guitarrista. Um solitário sopro de descontração e bom humor sobraria  apenas para o lado B do compacto com "Give Me Love", na faixa "Miss O’dell", composta em Los Angeles dois anos antes, e cuja letra fora escrita como uma gozação (George dá gargalhadas enquanto canta a musica), uma auto paródia acerca das excentricidades de um milionário, e que fora criada como uma cartão postal para Chris O’dell, uma antiga funcionária da Apple.

Embora já parecesse anacrônico ao habitat do rock produzido em 1973, Living In The Material World manteve a carreira de Harrison num patamar de alta qualidade. Para acompanhar a arrecadação dos direitos autorais do disco, George montou a The Material World Charitable Foundation, cuja renda dos royalties  do álbum e do compacto com "Give Me Love" reverteria em favor (até os dias de hoje) de projetos artísticos e assistenciais para diversas organizações em todo o mundo, como os Médicos Sem Fronteira, Great Ormond Street Hospital, Macmillan Nurses e instituições que cuidam de crianças carentes e portadoras de deficiências físicas, entre muitas outras. O álbum foi remasterizado e  relançado  em 2006, com um DVD bônus com poucas  imagens inéditas da época e a versão demo de "Sue Me Sue You Blues", além de "Miss O’dell" e "Deep Blue" (lado B de Bangla-Desh) como bonus tracks.

Marcelo Sanches 
mginger3003@uol.com.br 
ESTE TEXTO FAZ PARTE DE UM ORIGINAL REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO EM NOME DO AUTOR. NÃO PODE SER REPRODUZIDO SEM A DEVIDA PERMISSÃO.

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27 de Março na história dos Beatles



1961
Os Beatles chegam em Hamburgo, Alemanha, para a segunda temporada. Se apresentam no Top Ten Club e, posteriormente, no Star Club.

1964
No Top 10 australiano, os Beatles ocupam os 6 primeiros lugares.

1968
“Lady Madonna” chega ao 1º lugar na Inglaterra.

1969
Ringo anuncia que os Beatles nunca mais tocarão em público.

1970
Ringo lança na Inglaterra seu primeiro ábum-solo, “Sentimental Journey”. Muitos estranharam que o baterista tenha escolhido somente standarts dos anos 40 para sua estréia, mas a intenção de Ringo era simplesmente dar um presente para sua mãe.

1971
John concede uma entrevista a Kenny Everest para o seu programa na Rádio Monte Carlo. Oitava semana do álbum “All Things Must Pass” de George em 1º lugar na Inglaterra.

1974
Uma petição com 60 mil assinaturas é entregue ao Primeiro-Ministro James Callaghan para que John seja perdoado pela prisão por posse de maconha em 1968, já que esse era o motivo que o governo americano alegava para deportar o ex-beatle.

1979
Casamento de Eric Clapton e Pattie Boyd (ex-Harrison). Paul, George e Ringo estão entre os convidados. Todos sobem ao palco na festa e tocam diversas músicas, inclusive “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles (alguém “ousou” puxar “Something”). John Lennon, que estava morando nos EUA, teria dito que se tivesse sido convidado teria comparecido.

1987
A Nike começa a transmitir na TV seu comercial ao som de “Revolution”. Os remanescentes e representantes dos Beatles processariam a Nike por usar a música sem autorização.

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Paul McCartney está gravando álbum com produtor de Adele


Paul McCartney já está gravando seu novo álbum de estúdio, que será produzido pelo americano Greg Kurstin, responsável pelo hit "Hello", de Adele, e por vários  sucessos de outros artistas, inclluindo Sia, Kelly Clarkson e Ellie Goulding.

"Estou fazendo um novo álbum, o que é muito divertido. Estou no meio das gravações", revelou o beatle em entrevista no programa de rádio BBC 6 Music.

"Estou trabalhando com um produtor que eu trabalhei pela primeira vez há dois anos em uma música que estou fazendo para um filme de animação", acrescentou McCartney, que salientou o currículo premiado de Kurstin.

"Ele trabalhou com Beck e ganhou prêmio de melhor álbum do ano com ele. Em seguida, trabalhou com Adele, que acaba de receber os prêmios de canção do ano e álbum do ano, e ele ainda ganhou o prêmio de produtor do ano", lembrou Paul. "Minha única preocupação é que as pessoa pesem: 'Oh, o Paul agora está seguindo o 'hype'."

Ainda sem título nem data de lançamento, o próximo álbum de Paul McCartney será o primeiro trabalho de estúdio do músico desde "New", lançado em 2013. Este será o décimo sétimo disco solo de Paul McCartney, que no fim de semana prestou um tributo ao ídolo Chuck Berry, que morreu no último sábado (18). "Ele foi um dos maiores poetas do rock 'n' roll. Ele se foi mas será lembrado por todos que já amaram o rock 'n' roll", disse ele no Twitter.
Fonte: UOL

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domingo, 26 de março de 2017

Paul relembra quando compunha com John nos quartos de hotéis


Em entrevista para o DJ Matt Everitt, na BBC Radio 6 Music, Paul McCartney revelou que as melhores canções dos Beatles foram compostas com John Lennon, frente a frente, nos quartos de hotéis da vida.

"Existem milhões de maneiras de compor, mas a que mais costumava fazer com John era nos quartos de hotel, com camas gêmeas. Nós ficávamos de frente um pro outro com nossos violões. Como ele era destro e eu canhoto, era como se estivéssemos em um espelho", disse ele.

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Tributo a John Lennon com Phill Marshal dia 05 em São Paulo


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The Beatles Fan Club Band no Shopping Paseo


www.thebeatlesbrasil.com.br
Contatos & Shows: (51) 9962-5106 ou zelennon@terra.com.br
Local: SHOPPING PASEO ZONA SUL
Av. Wenceslau Escobar, 1823 - Zona Sul - Porto Alegre - RS.
Data: 19 abril 2017, quarta-feira, às 20h00
Evento: Dia do Indio

Entrada gratuita. Imperdível!!!!

The Beatles Fan Club Band é o lendário grupo que espalha a Beatlemania pelo Brasil e exterior. É o Tributo Beatles que interpreta de forma fiel todas as fases da Maior Banda de Todos os Tempos.

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26 de Março na história dos Beatles


1963
Concerto no Granada, Mansfield (Chris Montez e Tommy Roe tour).

1964
Gravação do show da cena final de “A Hard Day´s Night” no Teatro Scala.

1966
“Nowhere Man” chega ao 3º lugar nos EUA.

1968
Paul retorna a Londres, após algumas semanas nos EUA.

1970
“The Long And Widing Road” recebe adição de orquestra por Phil Spector. Este fato irritaria Paul profundamente pelo fato de ele não ter sido consultado sobre a alteração do arranjo de sua música.

1975
Paul e Linda comparecem à pré-estréia do filme “Tommy”, musical baseado na ópera-rock do The Who.

1976
“Wings At The Speed of Sound” é lançado na Inglaterra. Paul e banda finalizam uma mini-turnê na França. Após o show, o guitarrista Jimmy McCulloch fratura um dedo causando um atraso de três semanas no início da turnê americana do Wings.

1980
Paul começa a filmar o clipe de “Coming Up”.

1988
Morre Dezo Hoffman, o fotógrafo que registrou diversos momentos dos Beatles no início.

1990
George Harrison, Jeff Lynne, Bob Dylan e Tom Petty se reúnem em Los Angeles para começar a gravar o segundo álbum do Traveling Wilburys. O quinto membro do grupo, Roy Orbinson, faleceu em 6/12/1988. Del Shanonn estava recrutado para itegrar o grupo, mas o cantor se suicidou em 8/2/1990. Os filmes “Help!” e “Magical Mystery Tour” são lançados em VHS na Inglaterra.

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sábado, 25 de março de 2017

Morreu Pete Shotton, membro do The Quarrymen


Mais uma pessoa importante na história dos Beatles acaba de partir: Pete Shotton, grande amigo de John Lennon e músico do The Quarrymen, faleceu nesta sexta-feira (24 de março) aos 75, de ataque cardíaco, em sua residência em Knutsford, Cheshire.

Em 1956, Shotton, melhor amigo de John Lennon, foi induzido a aprender a tocar um instrumento e, juntos, formaram o The Black Jacks Skiffle Group, que com a chegada de novos membros, todos estudantes da The Quarry banc High School, mudou de nome, em referência ao nome da escola. Com a separação do The Quarrymen, e após sucesso dos Beatles, Shotton manteve sua amizade com Lennon que, segundos biografias, lhe pediu ajuda para completar um pequeno trecho da letra de "I Am The Walrus", em 1967.

Os detalhes do funeral, que deverá acontecer nesse fim de semana, estão sendo providenciados pelos parentes.


Saiba mais sobre o The Quarrymen:
http://portalbeatlesbrasil.blogspot.com.br/search/label/The%20Quarry%20Men

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25 de Março na história dos Beatles


1963
Os Beatles realizam uma filmagem de 8 mm. em Liverpool.

1964
“Can´t Buy Me Love” chega ao 1º lugar na Inglaterra.

1966
Os Beatles fazem as famosas fotos da “capa do açougueiro” com o fotógrafo Robert Whitaker. Uma das fotos seria usada na capa da coletânea americana “Yesterday And Today”. O disco permanceu por 4 dias nas lojas. A capa foi considerada de mau gosto. Todos os exemplares foram recolhidos e tiveram uma substituição de capa.

1967
Os Beatles recebem dois prêmios Ivor Novello: Música mais executada (“Michelle”) e single mais vendido (“Yellow Submarine”).

1969
John e Yoko se instalam no Amsterdam Hilton em lua-de-mel e convidam a imprensa. O casal realiza então o primeiro “bed-in”: Direto da cama, protestam contra a guerra e concedem entrevistas a todos os veículos de comunicação. Este evento dura quatro dias. John diria: “a imprensa correu pensando que haveria algo sexual no quarto, mas encontraram duas pessoas falando sobre a paz”.

1976
Paul lança nos EUA o álbum “Wings At The Speed of Sound”.

1989
A BBC Radio One inicia uma série de oito programas chamada “McCartney On McCartney”. Paul conversa com o DJ Mike Read sobre sua carreira desde o começo com os Beatles até então. Em Paris, Ringo comparece a festa de aniversário de 42 anos de Elton John.

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sexta-feira, 24 de março de 2017

10 personagens da história dos Beatles que pouca gente conhece

Várias pessoas ficaram famosas graças ao seu envolvimento (direto e indireto) com os Beatles, juntos e separados. Alguns até viraram celebridades e participam de eventos. Mas também vários personagens não se tornaram conhecidos e passam batido pelo conhecimento de muitos fãs. Segue uma lista de 10 dessas pessoas quase anônimas na Beatlemania. Quantos deles será você conhece?
Por José Carlos Almeida

Jürgen Vollmer

Todo mundo conhece Klaus Voorman e Astrid Kircherr. Mas Jürgen também fez parte do trio de fãs alemães que se tornaram amigos dos Beatles. Vollmer inclusive fez fotos maravilhosas dos Beatles naquela época, algumas delas usadas na contracapa do álbum Rock'n'Roll, de John Lennon, lançado em 1975. Depois se mudou para os EUA e trabalhou nos bastidores de vários filmes de Hollywood.

Jack Douglas

Ele foi talvez a última pessoa a falar com John Lennon (fora Yoko Ono). Produtor do álbum Double Fantasy, Douglas passou a tarde e parte da noite com o casal, trabalhando na mixagem de uma música de Yoko Ono. Ao se despedir de John Lennon, por pouco não saíram juntos para jantar, mas John se disse muito cansado e comentou que passaria em uma lanchonete para comprar uns sanduíches, indo para o Dakota em seguida. Que pena!

Alf Bicknell

Motorista dos Beatles entre 1964 e 1966, o auge da Beatlemania. Em 1996 lançou um documentário muito interessante sobre essa época, lançado em DVD - inclusive no Brasil. Morreu em 2004.

Ingrid Pedersen Lennon

Julia Baird, aquela irmã de John Lennon que costuma aparecer em eventos, não é a única. Em 19 de junho de 1945, Julia - a mãe de John - deu à luz essa garota, cujo pai é um soldado chamado Taffy Williams. Por pressão da família, foi dada à adoção para uma família norueguesa.

Jacqueline Dykins 

Em 28 de outubro de 1949 (dois anos depois de Julia Baird) nasceu a terceira irmã de John Lennon, da qual pouco se sabe - até porque ela nunca se propôs a aparecer em matérias sobre o irmão famoso. É filha de Julia com um homem chamado John Dikins e, pelo que consta, é cabeleireira. Na foto acima, temos Julia Baird e Jacqueline.

Bob Smeaton

Você pode até não conhecer esse cara pela foto, mas certamente conhece o seu trabalho. Afinal, é o roteirista e diretor do documentário The Beatles Anthology, de 1996. Ele foi o responsável por quase tudo: pesquisa de imagens, direcionamento das entrevistas, edição e outros itens - com o auxílio do co-diretor Geoff Wonfor. Graças a ele temos o melhor documentário já lançado sobre os Beatles e sobre qualquer artista.

Alma Cogan

Ela é considerada a primeira superstar da música na Inglaterra e foi uma das primeiras amigas dos Beatles quando eles chegaram a Londres, em 1963. Todos eles frequentavam o festivo apartamento de Cogan, que os apresentou para a nata da cultura londrina. Morreu muito jovem, aos 34 anos (em 1966), deixando os Beatles arrasados com a notícia. Anos depois foi revelado que ela era, naquela época, amante de John Lennon.

Ravu Shankar


Não... não está escrito errado! Embora o maestro Ravi Shankar tenha sido o grande mestre de George Harrison na música clássica indiana, foi seu irmão RAVU SHANKAR quem determinou a guinada espiritual do beatle, quando lhe deu de presente um livro que lhe revelou a filosofia que dominaria sua vida a partir de então: Autobiografia de um Yogi, de Paramahansa Yogananda.

Ruth McCartney

Em 1960 o viúvo Jim McCartney, então com 64 anos, se casou com a jovem Angie, 34. Naquele mesmo ano, no dia 15 de fevereiro, nasceu Ruth Williams, que depois passaria a se chamar Ruth McCartney. Isso mesmo, ela é irmã de Paul e Mike! Após a morte de Jim, nos anos 70, Ruth tentou criar uma carreira musical, mas foi impedida veementemente pelo irmão mais famoso. Algumas biografias dizem que ela foi totalmente abandonada por Paul, mas sabe-se que ela trabalha ligada ao The Linda McCartney Centre, instituição de combate ao câncer.

Gayleen Pease

Em 1968 uma fã brasileira, Lizzie Bravo, teve a felicidade de fazer o backing vocal em uma música dos Beatles, "Across The Universe", no estúdio Abbey Road. Mas ela não foi a única: ao seu lado estava a inglesa, também fã, Gayleen Pease, que era uma das que também aguardavam do lado de fora, para ver os Beatles. Foi Lizzie quem sugeriu que os Beatles chamassem a amiga para também participar da gravação. "Ela não aparece porque não tem computador em casa, não pertence a nenhuma rede social, e nem e-mail eu posso mandar pra ela, pois ela só tem o do escritório, que pode ser lido por qualquer colega de trabalho", comenta Lizzie. "Quando quero falar com ela, eu telefono. Toda vez que alguém pergunta alguma coisa, quer fazer entrevista, filme, etc. eu ligo pra ela e ela diz que eu posso falar por nós duas. Ela é casada e muito atlética!".

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24 de Março na história dos Beatles



1963
Concerto no Empire, Liverpool (Chris Montez e Tommy Roe tour). O fotógrafo Dezo Hoffmann registra o show.

1965
Depois de um mês de filmagens de “Help!”, os Beatles começam a trabalhar cenas em Londres para o longa-metragem.

1974
John planeja uma semana de jam session com amigos em sua casa de praia em Los Angeles.

1975
Paul dá uma festa a bordo do Queen Mary ancorado em Long Beach, Califórnia, para comemorar o fim das gravações de seu álbum “Venus And Mars”. Entre os convidados estão: George Harrison, Joni Mitchell, Carole King, Marvin Gaye, The Faces, Phil Everly, Jackson Five, Bob Dylan, Dean Martin, Cher, membos do Led Zeppelin, Mal Evans, Derek Taylor e outros. Este evento marcou a primeira aparição pública de Paul e George juntos após o fim dos Beatles.

1980
Lançado nos EUA pela Capitol a coletânea “Rarities”. Algumas faixas são outtakes. Pela primeira vez um álbum traz “Love Me Do” com Ringo na bateria.

1981
Ringo realiza coletiva de imprensa para lançar seu novo fime, “Caveman”.

1997
Morre Carroll James, o primeiro DJ a tocar uma música dos Beatles na América.

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quinta-feira, 23 de março de 2017

23 de Março na história dos Beatles

1962
Performance no Cavern Club junto com Gerry and the Pacemakers.

1963
Show no City Hall, Newcastle (Chris Montez e Tommy Roe tour).

1964
O livro “In His Own Write” de John é publicado. Durante um jantar do Annual Carl-Alan Awards, os Beatles recebem dois prêmios do Duque de Edimburgo. É anunciado que os Beatles receberam três prêmios Ivor Novello: Música mais executada e música mais vendida (ambos por “She Loves You”) e um prêmio especial pelos serviços à música britânica. Brian Epstein e George Martin também são premiados. John aparece ao vivo no programa “Tonight” da BBC-TV. Começam as gravações no Teatro Scala para o filme “A Hard Day’s Night”.

1967
Os vocais de “Getting Better” são regravados.

1970
O produtor Phil Spector começa a trabalhar nas gravações do álbum “Let It Be”. Todas as faixas são remixadas. “I Me Mine” e “Across The Universe” recebem adição de orquestra. Enquanto isso, em outra sala de Abbey Road, Paul providencia cópias masters de seu álbum-solo de estréia, “McCartney”, gravado em sua casa em segredo.

1972
Estréia em Nova Iorque o filme “The Concert For Bangladesh”.

1973
O Juiz Ira Fieldsteel, do Serviço de Imigração e Naturalização dos EUA, determina novamente que John tem 60 dias para deixar o país. Yoko pode ficar. John ganha o apoio de John Lindsay, prefeito de Nova York, Lord Harlech, ex-embaixador em Washington e vários artistas e acadêmicos para ficar na América.

1983
O “San Francisco Bay Guardian” publica uma série de artigos intitulada “John Lennon e os Arquivos do FBI”.

1992
Após quatro anos, a rádio Westwood One de Nova Iorque conclui sua série semanal “The Lost Lennon Tapes”.

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quarta-feira, 22 de março de 2017

George Harrison Discografia: The Concert For Bangladesh (1971)


O primeiro concerto beneficente do Rock foi realizado no dia 01 de agosto de 1971 em Nova Iorque, em duas sessões: uma pela tarde e outra pela noite. George Harrison teria bastante trabalho - além de algumas decepções - ao tentar convencer os astros de Rock com os quais mantinha boas relações de amizade a participarem do evento; como não poderia deixar de ser, ele começaria pelos ex-beatles. O guitarrista parecia suficientemente tomado por uma imensa compaixão pelas vítimas de Bangla Desh a ponto de esquecer as diferenças entre eles, e ao que tudo indicava, esperava  juntar os Beatles em algum momento do espetáculo para atrair o público, mesmo que fosse para uma única canção.

Era certo, também, que George não queria ser o astro principal do show, preferindo atuar mais nos bastidores, o que justifica sua ansiedade em reagrupar sua antiga banda e buscar apoio de outras grandes estrelas pop. Ringo Starr, sendo sempre prestativo e generoso com os amigos, foi o primeiro da lista a dizer um ‘sim’, como era de se esperar, mas as esperanças ganharam corpo quando Harrison pediu para que Paul  participasse do evento, já que ele havia se sensibilizado com as notícias vindas do Paquistão; mas Paul alegou que “não fazia sentido juntar os Beatles só para dar publicidade para Allen Klein, e ainda depois de todas as recentes decisões tomadas para concretizar a separação do grupo”. Portanto, a resposta foi: não.

George, John e Yoko
Infelizmente, com Lennon a situação seria ainda mais delicada e provocaria um resultado desastroso na relação de amizade entre George e ele. John havia topado, mas quando deu a entender que Yoko participaria do show ao seu lado, ouviu de Harrison que seria preferível que ela não o fizesse, por razões óbvias; Lennon, possivelmente, ficara numa situação delicada, chegando a considerar a possibilidade de se apresentar sem ela, mas o fato é que Yoko aborreceu-se demais e o casal teve uma briga séria, fazendo com que Lennon viajasse para as Ilhas Virgens sozinho, para esfriar a cabeça. Ono, mais uma vez, impusera a sua vontade e convenceu John a não participar. Esse incidente causou uma profunda mágoa entre os dois ex-beatles, pois Harrison sentiu-se traído. Afinal, quando John quis o apoio dele para ficar com Klein, George topou: “estou nessa, John”.  Ei, George, e o Paul? você me apoia contra ele? “Pode deixar, fico ao seu lado, John”. George, toque guitarra no meu novo disco, cara. “Vamos lá, John!”. Só havia uma coisinha que ainda não descia redondinho pela garganta de Harrison: Yoko Ono Lennon. John, claro, chateou-se mais uma vez ao ver sua mulher sendo excluída pelo amigo. Deixa estar.

Harrison prosseguiu na série de telefonemas que realizava incessantemente até as vésperas do show, contatando os Stones - que por problemas de agenda não puderam participar - e outros que pelo mesmo motivo não se comprometeram, mas Bob Dylan, como não podia deixar de ser, deixou a resposta ‘soprando no vento’ até o dia do show, quando apareceu para ensaiar com George; Eric Clapton, afogado nas drogas, relutou bastante em aceitar, mas foi para Nova York e se enfiou num hotel, pedindo a Ringo que providenciasse heroína para ele durante o dia todo, enquanto Harrison o mantinha acordado com vários telefonemas. No fim, Clapton apareceu, mesmo em frangalhos e exibindo uma visível precariedade física. Outros que acabaram por aparecer foram Leon Russell, Billy Preston, o guitarrista Jesse Ed Davis, Klaus Voormann, alguns membros dos Dominos e o Badfinger.

A expectativa de que um time interestelar de astros pop fosse aparecer no palco do Madison Square Garden não chegou a se realizar, mas com metade dos Beatles em cena, além de Ravi Shankar, Clapton e Dylan, o Concerto para Bangla Desh brilhou musicalmente diante de 40 mil espectadores, com todos os participantes demonstrando  uma competência técnica admirável, pois os ensaios foram extremamente rápidos e improvisados.

Ravi Shankar iniciou o evento anunciado por um tímido Harrison, fazendo um breve comunicado a propósito do objetivo do show e a seguir executando duas peças longas de seu repertório, George abriu a segunda parte dos shows, alternando  seu repertório com Dylan, Ringo e Leon Russell.  George  tocou as faixas "Wah-Wah", "My Sweet Lord", "Awaiting On You All", "Beware Of Darkness", "While My Guitar Gently Weeps", "Here Comes The Sun", "Something", "Hear Me Lord' (esta  apenas no primeiro show) e, claro,  "Bangla Desh".

Tomando-se por base o aspecto  improvisado das performances, o resultado foi bastante satisfatório, com arranjos que buscaram reproduzir os originais na medida do possível, sem grandes mudanças. O destaque maior foi a versão tocada a dois violões por George e Pete Ham (do Badfinger) para "Here Comes The Sun", que apesar da aceleração do andamento, tem lá o seu charme. "While My Guitar Gently Weeps"  ganhou um duelo inédito das guitarras de George e Eric Clapton, proporcionando outro grande momento no espetáculo.  Ringo tocou sua "It Don’t Come Easy" esquecendo-se da letra em alguns trechos, enquanto Dylan reviveu seis clássicos de sua primeira fase acompanhado por sua harmônica e por George na guitarra, Leon Russell no contrabaixo e o mesmo Ringo no tamborim. Foi o responsável pela parte mais monótona das apresentações. Quem causou maior surpresa ao público foi Billy Preston, com uma versão arrasadora de "That’s The Way God Planned It", sem dúvida o ponto mais alto e vibrante do espetáculo.

George, Dylan e Leon Russel
Enfim, o Concerto para Bangla Desh, tornou-se um grande feito na história da musica popular. Pela primeira vez na história do gênero, o Rock deixava de ser um simples  fonte de entretenimento, e de forma pioneira,   passava a atuar como fonte de recursos para uma causa social num processo direto e pontual. No dia seguinte, bastante feliz, George acabou compondo uma nova canção, inspirado pelo acontecimento: "The Day The World Gets Round", uma faixa que seria lançada um ano e meio depois no álbum Living In The Material World. Justamente por seu caráter inédito, a organização e distribuição dos recursos de arrecadação do álbum e do filme do concerto iriam encontrar dificuldades burocráticas quase que intransponíveis até chegar à UNICEF. A primeira dificuldade foi conseguir conciliar  os interesses das gravadoras envolvidas, já que Dylan pertencia à Columbia, que esperava royalties generosos e exclusividade no lançamento do álbum; a Capitol rejeitou a idéia e exigia que o disco levasse o nome de “George Harrison & Friends” como sendo o nome oficial do autor do projeto, além de pleitear a distribuição do álbum em todo o mundo.

Todas as discussões posteriores acerca destes problemas fizeram com o que o lançamento fosse adiado  seguidas vezes, provocando o lançamento clandestino das gravações do concerto, sem falar no cheque de um milhão de libras em impostos que Harrison teve que passar adiante. Ele ficaria extremamente desapontado com tudo isso e entraria em confronto direto com Bhaskar Menon, presidente da Capitol, numa pendenga que duraria meses, até o disco ser lançado em dezembro de 1971 nos Estados Unidos e Canadá pela Capitol, enquanto que no Reino Unido e restante do mundo (inclusive no Brasil)  a distribuição ficaria a cargo da Columbia, com lançamento  realizado em janeiro de 1972.

Hugh Downs (Unicef) e George Harrison em 1972
O álbum faria um enorme sucesso, tendo sido considerado como um álbum de carreira de Harrison, com acompanhamento dos ‘amigos’, e chegando aos primeiros lugares entre os discos mais vendidos nos charts americanos e europeus. O filme foi lançado em março de 1972 na Inglaterra e em julho nos EUA,  com o mesmo resultado positivo em termos de público, mas antes de concretizada, sua montagem também sofreu com diversos problemas técnicos decorrentes de um trabalho confuso realizado pelos câmeras. George ficou fulo de raiva ao assistir os tapes e juntamente com Dylan, penou para organizar o material. Ele temia um fracasso e um prejuízo notáveis, mas no final a montagem ficou satisfatória e agradou a todos. Se prestarmos atenção, veremos que George realizou vários overdubs posteriores, como os vocais em "Wah-Wah", "While My Guitar" e "Something", o que aconteceu também nas gravações lançadas no álbum.

A mixagem levou três meses para ser aprimorada e Phil Spector co-produziu com George todo o material final. Com tudo isso, afinal, o projeto fora vitorioso em todos os sentidos, e a arrecadação das bilheterias do concerto no dia de sua realização rendeu mais ou menos 100 mil libras (ou 260 mil dólares), embora alguns boatos tenham alardeado o fato de ter havido possível desvio do dinheiro, com suposto envolvimento de Allen Klein. O próprio Lennon, em 1980, declarou para a Rolling Stone que o concerto fora um ‘fiasco’, mas John continuava visivelmente magoado com Harrison e por outros motivos, o que nos faz relevar um pouco declarações rancorosas como esta.

Até 1985 o concerto arrecadou para a UNICEF cerca de 12 milhões de dólares com o álbum e o filme, e uma parte da soma teve problemas para a liberação em função de impostos cobrados pelo governo americano. Em 2001, pouco antes de falecer, George remasterizou o álbum e lançou o filme em DVD pela Apple/EMI. É um clássico absoluto, um dos melhores discos ao vivo de rock da história.
Marcelo Sanches
mginger3003@uol.com.br


ESTE TEXTO FAZ PARTE DE UM ORIGINAL REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO EM NOME DO AUTOR. NÃO PODE SER REPRODUZIDO SEM A DEVIDA PERMISSÃO.

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22 de Março na história dos Beatles


1963
Lançado na Inglaterra o LP “Please Please Me”, versão mono. Lançada também uma versão de “Misery” por Kenny Lynch, primeiro cover de uma canção dos Beatles. Nesta data, realizam shows no Manchester Square em Londres e no Gaumont em Doncaster.

1964
Festa privada de lançamento do livro “In His Own Write” de John. O título foi sugerido por Paul.

1967
George trabalha em overdubs e mixagem para “Within You Without You”. Uma prévia do álbum “Sgt. Pepper’s” com as faixas gravadas até então é preparada para os Beatles ouvirem.

1974
John e May Pang se mudam para uma casa alugada em Santa Monica.

1978
Estréia nos EUA pela NBC Television o especial “All You Need Is Cash”, uma paródia bem-humorada da história dos Beatles que conta até com a participação de George Harrison interpretanto um repórter.

1997
A certidão de nascimento de Paul McCartney é vendida por 84.146 dólares.

1999
A EMI lança uma edição comemorativa de 25 anos do álbum “Band On The Run” de Paul & Wings.

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terça-feira, 21 de março de 2017

21 de Março na história dos Beatles


1961
Estréia dos Beatles no Cavern Club.

1963
Início da tarde, gravação para a rádio BBC. À noite, show em Croydon.1964
Nos EUA, “She Loves You” assume o 1º lugar nas paradas. “I Want To Hold Your Hand” está em 2º lugar, “Please Please Me” em 3º e “Twist And Shout” em 7º. Os Beatles são capa da revista “The Saturday Evening Post”.

1967
John e Paul gravam vocais para “Getting Better”. George Martin faz o solo de piano em “Lovely Rita”. Ringo, que deveria regravar a bateria, não comparece à sessão. John toma uma dose de LSD por engano. Quando George Martin avisa Paul e George que levou John para o telhado para tomar ar e o deixou lá, os dois rapidamente subiram ao encontro de John, temendo que ele se jogasse do telhado achando que podia voar, por estar sob efeito do ácido. Às 23h, os Beatles recebem a visita do Pink Floyd, que gravava no estúdio ao lado.

1969
John e Yoko seguem para Amsterdam, na Holanda.

1984
Yoko inaugura o Memorial Strawberry Fields no Central Park em NY. Sean e Julian estão presentes.

1985
Yoko dedica o mosaico “Imagine” ao Central Park.

1988
Várias fitas de vídeo não-oficiais circulam nos EUA. Os filmes são: “The Beatles At Shea Stadium”, “The Beatles In Tokyo”, “The Beatles In Washington,D.C.” e ” Magical Mystery Tour”. A Apple trabalha para retirar esse material do mercado. É lançado na Inglaterra o home-video “John and Yoko: The Complete Story”. Trata-se do mesmo filme feito para a TV americana chamado “John And Yoko: A Love Story”. O filme foi exibido no Brasil em 1990 pelo SBT.

1994
O filme “Paul Is Live”, que registra a turnê de Paul em 1993, é lançado na Inglaterra.

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Paul McCartney, Ringo Starr e os Lennons falaram sobre Chuck Berry no Twitter


Tanto Ringo Starr quanto Paul McCartney soltaram novas em suas redes sociais sobre Chuck Berry, que faleceu no sábado, deixando triste toda a comunidade roqueira. O primeiro foi Ringo, que soltou, poucas horas depois da notícia se espalhar pelo mundo, a seguinte declaração na sua conta do Twitter: “Deixe-me ouvir qualquer rock‘n'roll e estarei tocando e falando de você. Deus abençoe Chuck Berry ‘Chuck’”.

Foi também no Twitter que Paul lamentou a morte do grande ídolo: "Ele foi um dos maiores poetas do Rock'n'roll. Sua falta será sempre sentida, mas será sempre lembrado por todos que amam o Rock'n'roll".


Julian Lennon, o filho mais velho de John, foi bem mais discreto e só hoje, terça-feira, lançou no Twitter um trechinho da sua apresentação com Berry e Keith Richards, onde tocam "Johnny B Good" (em 1986) com a legenda "Que experiência!". Seu irmão Sean soltou um curtíssimo "Chuck Berry R.I.P."; Yoko Ono reproduziu a famosa frase de John Lennon ("If you had to give Rock 'n' Roll another name, you might call it Chuck Berry"), com uma foto de John e Chuck. Nem Dhani, nem Olivia, nem o Twitter oficial de George Harrison tiveram pronunciamentos sobre o assunto.

E essa foi a repercussão da morte de Chuck Berry na "Família Beatles".

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segunda-feira, 20 de março de 2017

Conheça o projeto Okie Dokie Doo, com músicas dos Beatles


No verão de 2017, três amigos resolveram se divertir interpretando velhas canções de seus artistas favoritos em ritmos totalmente inusitados. O instrumental inicialmente despretensioso ganhou vocais rearranjados e revigorantes, que deram cara nova aos clássicos, mantendo porém sua essência.

O paulista Rafa Godoi (Triskell Band, The Spoilers), o gaúcho radicado em Santa Catarina Ikke Flesch e o carioca Wagner Vallim (TopVox) decidiram que o projeto merecia evoluir e ser compartilhado através de vídeos produzidos por eles mesmos. Assim surgiu o trio Okie Dokie Doo.

Em sua primeira temporada, o grupo aborda a obra de uma das bandas mais amadas em todo o mundo, The Beatles. As releituras incluem “Yes It Is” em ritmo de bossa nova e “This Boy” com sotaque gipsy jazz, entre outras. O primeiro episódio já está no ar, uma versão praiana e descontraída de “Nowhere Man” (Lennon/ McCartney).

Inscreva-se no canal da banda e aguarde os próximos capítulos: 

The Beatles - Nowhere Man (Acoustic cover by Okie Dokie Doo)
Temporada 01 - Episódio 01 "Nowhere Man" - The Beatles filmado em janeiro de 2017 na Pousada do Atalaia em Bombinhas-SC.

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George Harrison Discografia: All Things Must Pass (1970)


Lennon lançou seu John Lennon/ Plastic Ono Band em dezembro de 1970, apenas alguns dias depois de All Things Must Pass. John havia feito a terapia do grito primal em Los Angeles, na metade do ano, e entrou em parafuso. Voltou ainda mais radical e cuspindo fogo para todos os lados. Quando entrou em estúdio, registrou um punhado de canções cruas, tocando um rock básico com harmonias de três acordes e cantando sobre suas dores mais profundas, que vinham da infância e chegavam até o fim dos Beatles, com vários lampejos de ódio, amargura e descrença em quaisquer ideologias, aquelas mesmas que o transformaram em ícone da paz e do amor no ano anterior; em suma, John execrava o seu passado: “Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor (...)/ não acredito em mantras/ não acredito em Jesus/ não acredito em Zimmermman (Dylan)/ não acredito nos Beatles”, resmunga ele em God, assinando na mesma canção o epitáfio que traduzia o final da era hippie:“o sonho acabou”.

George, em suas letras, não reconhecia a existência prévia de um sonho construído sobre valores externos e transitórios, que muitas vezes morriam sob forma de modismos, mas sugeria que as transformações do indivíduo tinham que preceder as mudanças na sociedade. As canções mais “profundas” de All Things Must Pass sugerem que tais transformações só poderiam acontecer através da espiritualidade. John, em seu álbum, desprezava qualquer subjetividade e dizia acreditar “apenas nele e em Yoko”.

Ambos pareciam objetivar a mesma coisa: a consciência de si mesmos, mas os pontos de vista eram totalmente opostos. Enquanto John "matava" a ideia de uma divindade e alegava que ela era apenas uma projeção dos medos humanos, George venerava Deus como uma fonte de sabedoria, e a aceitação de sua onipotência era condição a priori para que as pessoas não caíssem no “mundo das ilusões”, o mesmo que havia engolido Lennon antes do sonho acabar. Para George, o sonho não existia mais desde 1967, quando descobrira que “quando se olha para dentro de si mesmo, então se descobre a paz de espírito que o espera por lá”, como cantou em "Within You Without You".

John falava agora numa língua mais atualizada com os padrões de conhecimento da classe média ocidental - provavelmente sofrendo influência do psicólogo Artur Janov durante os meses de terapia do grito primal - que privilegiava a "racionalidade científica", enquanto Harrison se guiava através das tradições filosóficas espiritualistas da velha Índia.

Do ponto de vista estritamente musical, a diferença entre os álbuns também chama a atenção: o de John tem uma concepção bastante simples, inteiramente baseada em um trio (baixo/bateria/guitarra), com algumas inserções de piano. O de George era denso, com um número infindável de instrumentos espalhados em arranjos maciços típicos do “muro de som” de Phil Spector. Aliás, o que é curioso, Spector foi o co-produtor em ambos os discos.




All Things Must Pass faixa a faixa:

I'd Have You Anytime - George inicia seu álbum de forma surpreendente, com uma faixa que faria mais sentido se encerrasse um dos discos, justamente por ser uma canção suave, em ritmo lento, como se fechasse uma noite de festa. Parceria de George com Bob Dylan, a canção tem uma melodia repleta de modulações elegantes e sofisticadas, criada sobre uma harmonia de acordes com sétima maior, dando-lhe um sabor de canção jazzy bem ao estilo de Hoagy Coarmichael, um dos ídolos de juventude de George. Bob parece ter colaborado mais na letra - um diálogo seguro com a mulher já conquistada - e talvez na segunda parte da música. O solo de Eric Clapton também é de uma elegância sem precedentes em sua carreira, em nada lembrando o estilo pesado do guitarrista.

My Sweet Lord - Essa canção maravilhosa foi o primeiro compacto de All Things Must Pass e transformou-se num estrondoso hit. Mas a música traria problemas sérios para Harrison, pois ele seria acusado de plagiar a canção "He's So Fine", de Ronald Mack, gravada pelo grupo The Chiffons no início dos anos 60. George perderia o processo seis anos depois, pagando quase 600 mil dólares de indenização. O arranjo da faixa é perfeito, começando com a batida de vários violões tocados pelos membros do Badfinger, com o vocal sereno de Harrison. Depois, a música ganha ares de mantra com a entrada da bateria de Ringo, o solo com leve efeito de slide de George em duetos ocasionais com Clapton e os vocais de apoio em estilo gospel do grupo vocal “George-O'hara Smith”, ou em outras palavras, George Harrison ele mesmo em diversos overdubs. Claramente inspirada no clássico então recente "Oh Happy Day" e nos mantras do Radha Krishna Temple, "My Sweet Lord" é hipnótica e realmente inspira alegria e devoção. Um clássico que escapou ileso de todos os problemas posteriores que causou para Harrison. Pattie disse que viu George compondo a canção na cozinha de sua casa, ainda em Esher, em 1969. Mas de fato, sua linha melódica principal é idêntica a "He's So Fine".

Wah-Wah - Esta é a faixa composta por George no dia em que deixou os Beatles, em janeiro de 1969, nas tristes sessões de Twickenham. Começa com um riff de Clapton tocado na guitarra com efeito do wah-wah, um pedal cuja característica principal é imitar o som da voz humana na fala das vogais “u-a”, daí o nome. George o usou muito nas sessões de Get Back/Let It Be com os Beatles e às vezes John tirava um sarro do timbre. A referência ao nome, segundo George escreveu em seu livro I Me Mine, pode ser traduzida como “dor de cabeça”, então a tradução literal da letra pode ser entendida assim: “Você não me vê chorando/você não me ouve suspirando/(...) dores de cabeça.../não preciso delas/sei que a vida pode ser boa/sem dores de cabeça”. É um recado de George para McCartney na ocasião em que a faixa foi composta. O estilo harmônico e a melodia são padrão dentro do rock, com a cadência tônica - subdominante-dominante, e um acorde menor no meio para o efeito dramático característico. É uma boa canção, um bom número de Rock'n'roll, mas é a primeira gravação a sofrer com os abusos do “parede de som” de Spector, pois o resultado é uma massa sonora pesada e cheia de ecos, dificultando a audição do vocal de George, quase sumido em meio a panacéia de instrumentos - incluindo os de sopro - tocados em dobro. Mas poderia soar infinitamente melhor se tivesse menos instrumentos e uma mixagem mais limpa.

Isn't It A Pity (version one) - A longa balada que encerra o lado 1 do álbum é uma das canções mais simples e bonitas já compostas por George; a massa sonora de Spector, desta vez, provoca um efeito hipnótico e profundamente denso, compatível com a melodia triste, desenhada sobre acordes maiores dentro do padrão harmônico que desliza de um sol maior para um lá maior, mudando o ritmo da tonalidade com um efeito agradável. O acorde diminuto no final da frase indica a variação emocional que caminha entre a melancolia e o desespero, enquanto Harrison canta “não é uma pena?/não é uma vergonha?/nos desapontamos uns aos outros/e nos causamos tanta dor...”. O slide de George aparece aqui no timbre que seria sua marca registrada para sempre. Essa faixa tem o mesmo andamento de "Hey Jude", e não se trata de mera coincidência: no final, George repete um coro com a palavra “pity” nos mesmos moldes da faixa dos Beatles, mas com um tom de lamento, ao contrário do otimismo exacerbado do coro da canção de Paul McCartney. Mesmo assim, para evidenciar o contraste (ou talvez o tapa com luva de pelica em Paul), Harrison mixa o coro de "Hey Jude" com o de sua bela faixa, num efeito mirabolante que coloca o ouvinte dentro da contradição de emoções que cercou a dissolução dos Beatles. Na soma de todos esses sentimentos, George parece lamentar a forma como o grupo estava se relacionando no final de 68/início de 69, época em que a canção foi escrita, embora no seu livro I Me Mine ele não explicite tal fato. De qualquer forma, uma das mais belas canções do disco e com toda certeza, de toda a carreira solo do guitarrista.

What Is Life - Esse tema pop em ritmo acelerado e com um riff de guitarra com timbre igual ao usado em "Think For Yourself" abre o lado 2 com empolgação. George compôs essa faixa para Billy Preston, que a gravou em seu álbum Encouraging Words. A letra é convencional, descrevendo uma simples declaração de amor.

If Not For You - A despretensiosa canção de Bob Dylan que encantou George em maio, quando os dois se encontraram no estúdio em Nova York, ganha aqui uma versão pessoal do ex-beatle, num arranjo que buscou aproximar o estilo de Bob (com o uso da harmônica) e o de Harrison (a guitarra slide fazendo a linha melódica descendente que originalmente é tocada por uma marimba na gravação do autor da faixa).

George e Peter Drake gravando o ATMP.
Behind That Locked Door - O primeiro número country do álbum, efeito da paixão de George pelo trabalho recente de Dylan e da Band; melodia linda e delicada, com um trabalho primoroso de steel guitar de Peter Drake, o guitarrista de Elvis. A letra fora escrita em homenagem a Dylan, com uma sugestão de George para que ele “saísse da recente obscuridade e voltasse a mostrar-se de alguma maneira”, como ele sugeriu em no seu livro I Me Mine. Não deixa de soar como uma ironia, já que o próprio Harrison optaria sempre por ficar “atrás de uma porta fechada”, enquanto Dylan iria voltar à ativa dentro em breve.

Let It Down - Esta é, com absoluta certeza, a faixa que mais perdeu com a massa sonora de Phil Spector; tudo muito denso, embolado, com um excesso de instrumentos prejudicando as performances individuais na mixagem final. A melodia é linda, e a harmonia repete a mesma elegância de "I'd Have You Anytime" ao usar acordes de sétima maior que lhe imprimem uma musicalidade refinada. Infelizmente, tudo é prejudicado no resultado final. Para sorte dos fãs, George lançou uma versão demo (com acréscimo de solos de guitarra sobre o violão/base) gravada na Apple, antes das gravações oficiais do álbum, na qual se pode ouvir a beleza límpida da canção sem a “parede de som”. A letra da musica parece ter sido inspirada em Pattie - George nunca deixava esses detalhes claros - e mais uma vez sugere a contradição de sentimentos que ele experimentava em relação a ela naquela época (a faixa fora composta em fins de 1968 ou início de 1969).

Run Of The Mill - Outra bela faixa, que encerra o lado 2. É basicamente construída em cima de violões, com belíssima introdução de George no instrumento. O trompete se destaca na parte instrumental, enquanto a excelente e curta melodia é cantada com bons versos de Harrison, mais uma vez inspirado na dissolução dos Beatles, com quase óbvia alusão á McCartney: “Todo mundo tem uma escolha/sobre quando pode falar ou não/mas é você quem decide qual caminho vai seguir/ao sentir que o nosso pode não ser o mesmo que o seu/ninguém à sua volta vai levar a culpa por você/ninguém à sua volta vai te amar incondicionalmente (...) quando você estiver por cima/e quem é que sabe se você vai me agradar ou até me desapontar outra vez?” (tradução livre).

Beware of Darkness - A canção que abre o lado 3 é outra das melhores composições de George em todos os tempos; fora composta na presença de membros do Radha Krishna Temple, ainda em Esher, e sua letra é uma advertência para os perigos da vida: “Atenção, previna-se, tome cuidado com aqueles caras que usam belos sapatos/e que desfilam elegantemente pelas calçadas/ao mesmo tempo em que muitos caem doentes/vagando sem destino algum/cuidado com o mundo das ilusões/isso pode te pegar/pode te machucar/fazê-lo sofrer desnecessariamente/e não é para isso que você está no mundo/atenção, tome cuidado com os falsos líderes/eles podem te levar para lugares estranhos/enquanto estudam o mapa do mundo/querendo dominá-lo cada vez mais...cuidado com a escuridão”. A melodia e o ritmo da canção seguem mais ou menos o andamento de Something, mas com um desenho que se desenvolve dentro de uma interessante modulação entre sol maior e o mi maior. O solo de Clapton no meio traduz maravilhosamente a dramaticidade urgente da canção, provocando arrepios.

Apple Scruffs - Número acústico que reproduz mais uma vez o estilo de Bob Dylan (George toca violões, guitarra e harmônica, únicos instrumentos na faixa). Trata-se de uma homenagem às fãs que ficavam na porta da Apple esperando pela chegada dos Beatles. Doce melodia num arranjo simples e eficiente, livre da massa sonora de Spector.

The Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll) - Balada singela e idílica que surgiu a partir de outra canção que permanece inédita até hoje, "Everybody, Nobody". A letra foi inspirada nos jardins criados por Sir Frankie Crisp, o construtor de Friar Park. Os destaques, além da melodia bonita e triste, é o uso do pedal de volume na guitarra, que endossa a melancolia dos versos.

Awaiting On You All - George retoma o tema da religiosidade, aqui num número cheio de swing (com marcação forte de chocalho) e com ares de musica gospel, com exaltação, chamada e devoção. Outra estrutura melódica muito bem construída e desenhada, com harmonia de vários acordes na escala de dó maior. Fora inspirada num tipo de meditação chamada de Japa Yoga, mas Harrison aproveita para espetar a igreja católica: “Você não precisa de nenhuma igreja/nem de um templo/você não precisa de um rosário ou de livros para descobrir que está confuso/se você abrir seu coração/vai entender o que digo/faz tempo que nos sentimos tristes/como se fossemos de um outro mundo/mas enquanto o papa possui 51% da General Motors/e tem sob controle os preços das ações na bolsa/Deus nos espera para que despertemos e cantemos/pois cantando o nome Dele você estará livre”.

All Things Must Pass - A canção que George apresentou aos Beatles em janeiro de 1969 e que foi tocada de forma desleixada por John e Paul, aqui aparece encerrando o lado 3 do álbum homônimo e com um arranjo sublime, com orquestra, sopros e com um trabalho suave de slide guitar, que desliza gentil e melancolicamente traduzindo fielmente a mesma sensação de fim de festa que aparece em "Isn't It A Pity", composta na mesma ocasião. A harmonia segue a seqüência clássica de mi maior/fá sustenido menor/sol sustenido menor, lá maior e si maior com sétima, com um clima musical semelhante à versão da Band para a canção 'I Shall Be Released", de Dylan. George parecia convicto do momento em que ele atravessava em 1969: “Tudo deve passar/nada na vida pode durar pra sempre/então, devo seguir meu caminho/e encarar um novo dia/a escuridão prevalece durante a noite/pela manhã ela vai desaparecer/a luz do dia é um bem/e vai chegar num momento certo/e com isso a névoa cinza desaparecerá certamente”.

I Dig Love - A faixa que abre o lado 4 é a mais fraca do álbum. Parece uma canção incluída para "tapar um buraco", mas isso não coincide com o fato de que Harrison tinha pelo menos dez canções prontas para serem gravadas, algumas delas bem superiores a esta. Aqui o arranjo tenta seguir os caminhos de "Come Together", com repiques de bateria a cada quatro tempos de compasso e um solo de guitarra no meio da musica, que tem pretensões de ser um blues. Mas Harrison não vai a lugar nenhum, nem na letra e muito menos na música. Dispensável.

Art Of Dying - George volta com mais conteúdo do que assimilou de todos os seus estudos da cultura indiana e das suas tradições religiosas. Aqui a letra fala da reencarnação, em cima de uma melodia eficiente, com arranjo que usa (e abusa) do mesmo pedal de volume na guitarra usado em "The Ballad Of Sir Frankie Crisp". A canção começou a ser escrita em 1966, assim que Harrison tomou conhecimento do hinduísmo e foi concluída pouco tempo antes do álbum ser gravado.

Isn‟t It A Pity (version two) - Outra gravação descartável, embora não necessariamente ruim; Harrison pode ter achado que a primeira versão tenha ficado densa demais, e resolveu gravar uma outra com andamento mais lento e com menos instrumentação. Funcionou razoavelmente, apesar do arranjo um tanto arrastado. A pergunta surge outra vez: por que canções tão boas como "Nowhere To Go" (que se chamava antes "When Everybody's Comes To Town" , com co-autoria de Dylan) e "I Live For" You ficaram de fora?

Hear Me Lord - George encerra o lado 4 - e a parte de canções do álbum - com este tema longo e um tanto arrastado, num ritmo de R&B mais lento, semelhante ao estilo de Billy Preston. A letra é mais uma vez uma reverência a Deus (ou Krishna, se preferirem) e fixa em definitivo o estilo que Harrison desenvolveria com exagero no próximo álbum solo. Infelizmente, como já foi dito, a canção é longa e um pouco cansativa, com coro que repete a frase "hear me lord" à exaustão.

All Things Must Pass 2000
Apple Jam: "Out Of The Blue", "It's Johnny's Birthday", "Plug Me In", "I Remember Jeep" e "Thanks For The Pepperoni". Depois de considerar as jams gravadas entre as canções como algo de boa qualidade, Harrison resolveu lançar esse material todo como terceiro LP de All Things Must Pass. As tais jams não são lá grandes coisas, para falar a verdade, pois os músicos - que eram mais familiarizados com um gênero bem menos complexo que o jazz - preferiram não arriscar muito e ficaram na estrutura básica tônica/sub-dominante/dominante nestas improvisações. Assim, ouvimos boas brincadeiras descontraídas e despretensiosas tocadas no ritmo básico de Rock'n'roll. Delas, a mais interessante é "I Remember Jeep", com Clapton na guitarra solo, Harrison na base, Billy Preston no piano, Klaus Voorman no baixo e Ginger Baker na bateria, além dos efeitos de sintetizador Moog tirados diretamente das master tapes de Electronic Sound, a brincadeira pseudo-vanguardista de Harrison. Outra faixa curiosa é "It's Johnny‟s Birthday", versão da musica tradicional "Congratulations", que George e Ringo gravaram em agosto para presentear Lennon em seu aniversário, o que fizeram quando Harrison apareceu de surpresa num outro estúdio do complexo da Abbey Road (onde ele também trabalhava, no dia 9 de outubro, quando John e Ringo gravavam para o álbum John Lennon/Plastic Ono Band).

All Things Must Pass é um marco não apenas na carreira de George Harrison - representou o seu definitivo selo de qualidade como compositor - mas também foi um disco de sucesso incomparável no formato de um álbum triplo. Na Inglaterra, ocupou o primeiro lugar das vendas por oito semanas consecutivas, o mesmo acontecendo na América (onde ganhou seis discos de platina) e em diversos países da Europa, no Japão e na Austrália. É considerado pela Rolling Stone um dos 500 melhores discos de todos os tempos. George deixou fora do álbum pelo menos uma grande canção que já estava praticamente pronta, em ritmo country-rock (com trabalho perfeito de Peter Drake no steel guitar) chamada "I Live For You", que seria lançada apenas na versão remasterizada do disco em 2000. A canção é linda, bucólica e (como de costume) bastante melancólica, e poucos compositores conseguiam transmitir tal sentimento com uma musica tão delicada e de bom gosto dentro do formato pop como ele o fazia. Inexplicavelmente ela ficou de fora do disco, mas George mesmo reparou o vacilo na edição que ele mesmo mixou em 2000.

Mas outros temas chegaram a ter suas bases gravadas, como "Gopala Krishna", "Dehra-Dun" (composta na Índia em 1968 e que aparece sendo tocada por George no jardim de Friar Park com Paul e Ringo, durante as gravações do Anthology), "Going Down To The Golders Greens", "When Every Song Is Sung" (gravada por Ringo anos depois como "I'll Still Love You") e "Down To The River" (que apareceria postumamente no Brainwashed com outro título e outro arranjo).

Várias deixaram de ser gravadas na ocasião: "Nowhere To Go", "Window, Window", "Tell Me What is Happened To You", "Cosmic Empire", "Mother Divine" - todas elas inéditas até hoje - e temas que mais tarde entrariam em outros discos, como "Woman Don‟t You Cry For Me" e "Beautiful Girl". George estava compondo freneticamente e All Things Must Pass foi a prova mais do que concreta que os Beatles não poderiam comportar tantas ofertas sem que houvesse uma verdadeira revolução interna na forma da banda organizar seu trabalho a ponto de incluir Harrison no time de compositores.

Não é absurdo considerar que nesta altura, George possuísse o mesmo gabarito de John Lennon nesta arte de tecer melodias, ou até arriscar dizer que ele talvez estivesse mais ligado à música do que o colega; Lennon parecia um tanto esgotado criativamente e seu tempo era consumido em demasia pelos projetos e ambições de Yoko, embora seus discos solo de 1970 e 71 tenham resultado em grandes trabalhos. Harrison, por sua vez, estava em plena explosão de criatividade.

Marcelo Sanches
mginger3003@uol.com.br

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