A informação veio do próprio Giles Martin, filho do produtor George Martin, em entrevista para a rádio BBC. "Há 70 tomadas de 'Sexy Sadie', por exemplo", disse Martin na ocasião, dando entender que esse novo White Album seria maior ainda que o lançado no último dia 26, do Sgt. Pepper. No entanto, pouco depois, provavelmente por motivos estratégicos (ou algum puxão de orelha), Martin passou a desconversar sobre o assunto: "Apenas para confirmar... Eu disse que o 'White Album' é o próximo álbum dos Beatles. Eu garanto que não estou trabalhando nisso. Aproveite Sgt Pepper primeiro! X", postou ele na sua conta do Twitter.
Ele falou também sobre a não inclusão da faixa "Carnival Of Light" no box do Sgt. Pepper: "Carnival Of Light não foi feita para ser lançada, nunca deveria estar no Sgt. Pepper. Na verdade é como Revolution #9" afirmou ele. A história dessa faixa já é bem conhecida pelos fãs: foi tocada apenas nos PAs do evento The Carnival Of Light Rave, que aconteceu no Roundhouse Theatre de Londres, no início de 1967. Outra faixa gravada durante as sessões do Sgt. Pepper, mas não incluída neste, foi "Only a Northern Song", de George Harrison, só lançada dois anos depois, no LP Yellow Submarine. "Nós chegamos a discutir sobre se ela deveria entrar no relançamento do Pepper, mas decidimos lançar apenas ‘Strawberry Fields’ e ‘Penny Lane’. Escolhemos não omitir essas duas canções", disse ele, provavelmente com a intenção de corrigir o "maior erro" do seu pai George Martin, que já declarou-se arrependido de tê-las excluído do LP.
Mas voltando ao Álbum Branco, um relançamento do disco duplo em caixa expandida faz nossa imaginação funcionar: o que entraria nele? Quantos discos teria? Certamente seria maior ainda que a edição quádrupla do Sgt. Pepper, já que além de ser duplo, levou milhares de horas pra ser gravado, produzindo centenas de takes alternativos. Pelo menos mais uns dois ou três CDs seriam necessários só para abrigar outtakes mais viáveis. Há também a famosa reunião em Kinfauns, casa de George harrison, onde pela primeira vez fizeram o balanço (e gravaram em demo) das músicas compostas na Índia. Esse material, já lançado em bootlegs, justificaria um CD só com ele. Ah, e tem a tão comentada versão de vinte e tantos minutos de "Helter Skelter"! Será que ela finalmente veria a luz do dia? Se o álbum original já oferecia um grande poster e quatro fotos, o que mais teria nesse novo box? Um livro com fotos das sessões, outtakes das fotos, história completa? Haveria espaço para algum documentário sobre o álbum - de repente uma versão extendida do já incluído no Remaster de 2009?
Tudo isso só poderá ser respondido pelo próprio Giles. Mas não esperem para já. Provavelmente apenas no ano que vem começará a sequência de pesquisas nos vastos arquivos da EMI referentes ao disco de capa branca. Por enquanto, é questão de digerir o álbum do Sargento Pimenta mesmo.
José Carlos Almeida
