Paul McCartney critica a COP30 por servir carne



Em carta dura à presidência do evento, Paul McCartney compara servir carne na cúpula a distribuir cigarros em uma conferência sobre câncer.

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), sediada na capital paraense, Belém, mal iniciou seus trabalhos e já enfrenta uma crítica contundente de uma figura de peso internacional. O ex-Beatle Paul McCartney, conhecido ativista, enviou uma carta aberta direcionada ao presidente do evento, André Corrêa do Lago, contestando duramente a decisão de incluir pratos à base de carne no cardápio oficial da cúpula.

Atuando em nome da organização de direitos dos animais PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), McCartney foi direto em sua solicitação para que o evento adote uma postura 100% vegetariana, alinhando as ações práticas da conferência à sua missão declarada. “Escrevo em nome dos meus amigos da PETA para pedir que vocês alinhem o cardápio da COP30 com a sua missão, tornando-o totalmente vegetariano. Isso reduziria significativamente a pegada de carbono e o impacto ambiental geral do evento, servindo de exemplo positivo para o mundo seguir”.

O ponto mais incisivo da crítica do artista britânico veio na forma de uma analogia poderosa, sublinhando a hipocrisia percebida. Para McCartney, a presença de produtos de origem animal em uma discussão global sobre o clima é um contrassenso flagrante. “Servir carne em uma cúpula climática é como distribuir cigarros em uma conferência sobre prevenção do câncer!”, disparou o músico na comunicação oficial.

McCartney também destacou a ironia da localização do evento. A escolha de Belém, porta de entrada da Amazônia, deveria, segundo ele, reforçar o compromisso com a proteção ambiental. “É apropriado que a COP30 seja realizada em Belém, a porta de entrada para a Amazônia, cuja floresta tropical é frequentemente chamada de 'os pulmões da Terra' porque absorve e armazena grandes quantidades de dióxido de carbono, liberando oxigênio”.

O músico conectou diretamente a indústria da pecuária, necessária para o menu criticado, à destruição do bioma que a conferência visa proteger. “A indústria da pecuária é uma das principais responsáveis pelo desmatamento e pela catástrofe climática que está devastando o planeta. A criação de gado é responsável por 80% do desmatamento da floresta amazônica. Além disso, a prática de cortar e queimar a floresta para abrir espaço para a criação de gado, juntamente com as condições de seca induzidas pelas mudanças climáticas, está fazendo com que a Amazônia queime a uma taxa alarmante”.

A carta revela a surpresa do ativista com os planos atuais do evento, que preveem apenas 40% de opções vegetarianas. “Proteger a Amazônia, que sustenta a vida, deve ser uma prioridade máxima para ambientalistas de todas as nacionalidades, por isso fiquei chocado ao saber que apenas 40% dos alimentos servidos na COP30 estão atualmente previstos para serem vegetarianos”. 

McCartney concluiu reforçando o apelo: “O próprio site da COP30 confirma que as refeições à base de plantas têm uma pegada de carbono substancialmente menor, por isso peço que vocês deem o exemplo e tornem a conferência totalmente vegetariana".